DIVERTICULITE


       O que antes era visto como um problema intestinal típico da maturidade se tornou cada vez mais comum entre os jovens. Saiba como se proteger da doença, que pode ser resultado de uma alimentação inadequada.



   Ela não chega a ser o mal do século, mas ninguém discute que tem aumentado o número de suas vítimas, sobretudo entre pessoas com menos de 40 anos. Para os gastroenterologistas, é quase unânime: a diverticulite está em expansão. Não faltam hipóteses para justificar a maior ocorrência dessa inflamação em intestinos mais jovens. A alimentação desregrada e o baixo consumo de fibras são apontados como os principais fatores. Ambos colaboram para um aumento da pressão interna do intestino, dificultando a passagem do bolo fecal. E o desfecho dessa história é o aparecimento de divertículos, pequenas bolsas de 5 a 10 milímetros formadas na parede do intestino grosso, de dentro para fora, principalmente numa região conhecida como cólon sigmoide, situada do lado esquerdo e inferior do abdômen.

Para entender melhor como essa doença se manifesta, é preciso desmitificar alguns conceitos. A mera presença dos divertículos não significa que o intestino é refém de uma diverticulite. Nesses casos, ocorre o que os especialistas chamam de diverticulose. Muita gente tem, mas nunca tomará conhecimento dela, devido à ausência de sintomas. Já a diverticulite para valer nunca passa despercebida e dá as caras quando as tais bolsas se inflamam ao acumular pedacinhos de fezes endurecidas.

"Não sabemos por que alguns divertículos ficam inflamados e outros não. Mas tudo leva a crer que esse processo inflamatório se inicie com uma microperfuração na sua parede", explica o gastroenterologista Adércio Damião, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Em idosos, isso é mais comum por causa da flacidez da musculatura intestinal. "Só que hoje a doença atinge os jovens devido aos hábitos inadequados e às refeições pouco saudáveis", opina o coloproctologista Sérgio Nahas, professor da Universidade de São Paulo.

Conhecida como doença da civilização ocidental, a diverticulite é rara em áreas rurais da África e da Ásia. Ali, os habitantes mantêm uma dieta rica em fibras e pobre em carboidrato. Já os territórios mais afetados do planeta são os Estados Unidos, a Europa Ocidental e a Austrália, onde a agitação das grandes cidades boicota uma alimentação regrada. É aquela história de pular algumas refeições, exagerar em outras e dar preferência à fast food — mais uma evidência de que o cardápio influencia o surgimento da doença.
A intensidade do problema, aliás, varia muito. Tem gente com sintomas leves e, no outro extremo, há os que enfrentam uma pane no abdômen, condição que exige cirurgia urgente e dias de internação. Quando ocorre a perfuração do divertículo e o mal extravasa intestino afora, todo o abdômen pode ser comprometido. É um quadro gravíssimo. Sem contar que, como o trânsito intestinal é prejudicado, há um risco elevado de obstrução desse canal, o que também requer uma intervenção cirúrgica.



É preciso, portanto, ficar de olho para impedir que a situação chegue a esse ponto. Ainda mais porque os sintomas da diverticulite são confundidos com os de várias encrencas. Uma delas é outra inflamação, a apendicite. Não à toa, a confusão causada pelos divertículos já foi chamada de apendicite do lado esquerdo, já que essa espécie de anexo intestinal se situa à direita. Além disso, o quadro clínico é parecido com o da síndrome do intestino irritável, mais um tormento que atinge esse órgão. "Nesse caso, trata-se de uma doença decorrente do estresse e da depressão, que altera o funcionamento do intestino grosso e predispõe ao aparecimento de divertículos", explica Bruno Zilberstein, professor de cirurgia do aparelho digestivo da USP.

Quando a diverticulite se agrava, pode ainda levantar a suspeita de um câncer intestinal, já que em ambos os tormentos tendem a ocorrer dores abdominais muito fortes e a obstrução do tubo digestivo. A tomografia computadorizada e a colonoscopia são os exames recomendados para avaliar as paredes do intestino e desfazer o mistério, indicando a causa do sofrimento. Como a diverticulite não aparenta ser hereditária, qualquer um está sujeito a deparar com ela. Daí por que o melhor tratamento é se prevenir, cuidando sempre da alimentação para evitar, amanhã ou daqui a algumas décadas, tantas complicações.



A obesidade e a baixa ingestão de fibras estão relacionadas à formação dos divertículos. Cerca de 80% das pessoas que apresentam essas alterações não sofrem com nenhum sintoma

Os primeiros sinais

Dor abdominal
Ocorre sempre do lado esquerdo do abdômen e é semelhante às dores de uma apendicite
Mudança do hábito intestinal
Diarreia alternada com constipação, além de mudança da forma e da consistência das fezes, com possível presença de sangue
Febre e náusea
Em sua presença, há indício de processo inflamatório com possibilidade de abscesso e surgimento de pus
Ardência ao urinar
Os sintomas são parecidos com os de uma infecção urinária, sem contar a sensação de peso na bexiga
Flatulência
Desconforto abdominal e gases


Fonte:Revista Saúde.

 Orlando Ambrogini Júnior, gastroenterologista da Universidade Federal de São Paulo






Um comentário:

  1. INFORMAÇÕES PRECIOSAS ,QUE PRECISA SER CONHECIDA POR TODOS.PARABÉNS EQUIPE 3.
    FERNANDA MARTINS

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